Bom gente, está aqui os primeiros Capítulos de "Guardião - O Primeiro selo" Em breve o livro também será lançado, está aqui apenas para dar um gostinho especial Á vocês!
CAPITULO UM: PESADELOS
James saiu do trabalho, como sempre mais um dia ordinário, fez o que tinha de ser feito para ganhar o que estavam lhe pagando, assim sobreviveria. Antes de ir embora se dirigiu até a padaria com seus colegas de trabalho, até mesmo o seu coordenador participava da cervejada, no dia seguinte estaria de folga. Entre um gole e outro, um cigarro e outro a noite caiu negra no céu de campinas nublado, despediu-se dos amigos e dirigiu-se até o ponto e ônibus, o céu começava a dar indícios de chuva e o vento dialogava que iria esfriar.
Ascendeu um cigarro vagabundo com o ultimo palito de fósforos e antes da primeira tragada a chuva caiu copiosamente colando sua roupa no seu corpo ao mesmo tempo em que o frio congelava seus ossos. Pensou que poderia ter vindo trabalhar de moto, no entanto gostava de andar de ônibus, nem ele mesmo entendia.
O circular veio lotado de gente que como ele estava indo para casa após uma jornada fatigante do dia de trabalho. Conseguiu sentar-se em um banco e adormeceu, só foi acordar no ponto final quando o cobrador o acordou como sempre acontecia, posto que morava a poucos metros do ponto final, na próxima esquina.
Procurou por um tempo no molho de chaves a que abriria o portão, o cadeado molhado não ajudava muito na hora de fechar, entrou em casa todo ensopado, tomou uma ducha rápida e foi a cozinha juntar-se ao seu famoso e solitário macarrão instantâneo de carne.
Começou a pensar em sua vida, agora estava longe de sua família em São Paulo, viera morar em Campinas, pois sua Ex-esposa havia movido uma ação contra ele, para que ele não permanecesse perto dos filhos, tudo por que às vezes ele tinha aqueles ataques frenéticos de sumir de casa e do trabalho durante dias, ninguém sabia aonde ele ia, no entanto ele sempre ia para um lugar afastado de todo mundo, para reorganizar suas idéias, sempre se achava deslocado do planeta, desconectado das pessoas, e para conseguir tolerar todo mundo precisava de um tempo só.
Em determinado momento ele até tentou passar por análise psicanalítica, no entanto o psicanalista era apenas um aglomerado de blá, blá, blás que ele sabia muito bem pertencer a algum livro imbecil de auto-ajuda, embora o doutor fosse boa pessoa e dava-lhe doces, vai entender.
Ligou o televisor, algum telejornal dava noticias de algo como um tumulto mais cedo no Hiper Mercado Extra em São Paulo, coisa que ele não tinha interesse, então colocou na “FOX” para assistir “Os Simpsons”, um de seus desenhos favoritos, ao mesmo tempo que folheva um livro do escritor Nelson Magrinni, sempre fazia mais de uma coisa ao mesmo tempo, desde criança fora hiper-ativo, sua mãe ficava doida com ele, os professores na escola o advertiam para que parasse de desenhar nas carteiras, seus cadernos não tinham uma linha das matérias dadas, no entanto ele sempre ia bem nas provas, também tem muito o que agradecer aos amigos que sempre insistiam para que ele fizesse determinadas atividades e foi por falta de amigos assim que não conseguiu concluir a faculdade.
Na verdade ele nunca conseguia concluir nada do que começava, tudo para ele era entediante, vivia nervoso com o mundo, detestava trabalhar para os outros, mas alheio a isso, nunca conseguira fugir dessa realidade tendo sempre empregos medíocres.
Levantou-se e foi até o computador, entrou no facebook como de costume para jogar algumas partidas de poker e fazer comentários sarcásticos em comentários dos amigos, alguns adoravam, outros detestavam, mas ele nem se importava, era apenas legal discordar da ótica das pessoas, as vezes ele sentia-se como se não fosse como eles, sentia falta dos amigos, ele queria estar com eles as vezes, tomar uma cerveja na padaria ou fazer um churrasco na rua, mas a vida o levou para bem longe, para outra cidade, para outro universo, onde ele sentia-se cada vez mais melancólico.
Ouvindo alguma música do “Pearl Jam”, folheando livros, zapeando os canais, vídeo game ligado na tela de apresentação do jogo “Castlevania lord of shadows”, comendo um pedaço de bolo industrializado, verificando no celular se alguém o tinha ligado, era assim todo o santo dia, como que se esperasse algo de verdade acontecer em sua vida, mais adiante ele lamentaria ter desejado isso a vida inteira.
E foi com toda essa alegria de viver que adormeceu em meio a um episódio dublado de “Lost”, detestava dublagens, acabavam com a emoção da interpretação dos atores.
Ele acordou assustado, peito suado, sede. Não se lembrava o que tinha sonhado, mas tinha certeza de que tinha sido um pesadelo, achava que pesadelos eram melhores que os sonhos, por que davam um certo alivio ao acordar, sonhos te deixavam desesperados, tipo como sonhar que ganhou na mega sena e não teve tempo de gastar um tostão antes de acordar.
Levantou-se assustado, pois jurava ter ouvido gritos na rua, droga detestava ser acordado em meio a pesadelos por que ele nunca se lembrava do que estava sonhando. Sempre queria voltar a dormir para terminar de “pesadelar” por que os pesadelos são mais divertidos do que os sonhos. Ele tinha alguns pesadelos que o acompanhavam desde a adolescência e o curioso era que os ferimentos de batalha que ocasionalmente ocorriam em seus sonhos, estavam presentes no seu corpo em forma de cicatrizes, que ele nunca se lembrou de onde tinha se machucado, procurou médiuns fez uma regressão, mas não deu em porra nenhuma, porém alguns pesadelos sempre se repetiam, dele em uma armadura negra segurando uma balança na mão esquerda, esquisito.
Foi até o banheiro quando ia acender a luz esmagou uma maldita barata, odiava aquelas criaturinhas nojentas, bem uma a menos, lavou o rosto e observou o quanto estava mais velho, toda vez se espantava, ter 30 e poucos anos não era muito legal. Estava acostumado a ter 20 e poucos anos e de repente lá estava ele com aqueles cabelos acinzentados, felizmente o seu porte físico de tiozinho não vinha acompanhado daquela barriguinha, pelo menos ele tinha um corpo de alguém que se exercitava regularmente.
Olhava-se e sentia uma melancolia misturada com rancor, na sabia de onde vinha, já havia sentido isso antes só que dessa vez estava mais forte, sem entender começou a chorar como se alguém tivesse morrido, como se a sua vida inteira nunca tivesse sido ele de verdade, apenas perseguindo o passado, o vazio que tinha no peito queimava, ardia e ele chorava mais, era nessas horas que ele tinha suas conversas com deus, sempre questionando por eu ele sentia-se assim? E se desculpando por ser teimoso demais, por querer sempre o bem dos outros antes do seu, como se em seus ombros pairasse a responsabilidade de ser o guardião das pessoas que ele gostava e até mesmo de algumas que mereciam seu ódio extremo.
Olhou para o relógio eram 3 horas da madrugada, e os gritos recomeçaram assim James teve certeza de que tinha realmente ouvido alguma coisa, pareciam gritos de dor, parou para escutar melhor, ouvia as batidas de seu coração, ouvia sua própria respiração, e então ouviu um urro, algo animalesco, que merda deveria ser aquela? Um bicho selvagem? No meio da cidade? Pensou.
Foi até o telefone iria ligar para a polícia, pelo menos isso ele tinha que fazer. Discou 190 e nada, apenas a voz da telefonista dizendo que as linhas estavam ocupadas, como assim linhas ocupadas? A polícia estava recebendo muitas ligações hoje? Ou algum atendente estava sacaneando deixando as ligações presas na central...
Nessas horas todo mundo se torna curioso e até mesmo meio imbecil, movido por um impulso de coragem ele resolveu descer até a rua, “apenas para checar a situação”, pensou.
Instintivamente ele foi até a estante e pegou a pistola “Ponto 40” que ficava escondida entre as pedras do aquário sem água, apenas os enfeites de barcos e conchas e claro as pedras e a arma, tinha essa arma por precaução, uma vez um dos ex-namorados idiotas de sua ex-esposa imbecil cometeu um atentado contra a sua pessoa, ele tem as marcas dos tiros que levou e o que ele mais amarga lembrar foram as noites que passou no hospital balbuciando pateticamente o nome dela no seu leito de quase morte, ela sequer fora o visitar.
Estava uma noite quente, passou correndo pela sala e vestiu uma camiseta regata preta que estava “pendurada” no encosto do sofá e quando ia sair de casa acabou a energia elétrica e para deixar tudo mais interessante começou a relampejar, iria chover e muito novamente!
Enquanto caminhava no ambiente escuro bateu a canela em algum móvel e lembrou-se de uma frase que ouviu em algum lugar: “canela é um dispositivo para encontrar móveis no escuro”, riu amargando a dor enquanto descia as escadas que davam na rua.
Quando atravessou a soleira da porta não sabia explicar, mas sentiu que hoje o dia seria diferente e incomum. Mal sabia o quanto estava certo.
Ouviu outro grito, mas a voz agora era diferente, era uma voz de mulher, e gritou nitidamente por socorro, ele foi andando cautelosamente em direção a onde ouvira os gritos, estava com a arma em punho e começou a se perguntar, onde estavam as outras pessoas que moravam na vizinhança, estava tudo estranhamente quieto, geralmente as pessoas são curiosas e saem no mínimo à janela, pisou em uma pedra e percebeu que estava descalço, ia soltar uma palavrão quando tropeçou em uma outra coisa no meio do caminho, porem calou-se ao perceber que era um corpo, a expressão de horror ficou gravada naquela face, começou a se arrepender de ter descido, mas estava ali, talvez já fosse tarde demais para fugir, observou novamente o corpo e viu que de seus olhos sem orbitas saiam uma fina fumaça, como a fumaça de cigarro, estranhou aquilo, mas afinal tudo estava estranho mesmo, pior ficou foi quando ele ao caminhar mais adiante se deparou com aquilo, uma mulher estava ajoelhada e gritava de dor, à frente dela ele via apenas uma sombra, não dava para distinguir o que era de longe, ele foi caminhando como naqueles filmes americanos, encostado à parede.
Não pensou duas vezes e atirou, não sabia por que, mas atirou, puta burrice, a sombra virou em sua direção e voou tão rápido que nem deu tempo de pensar e já estava atingindo um muro e provavelmente fraturando uma costela, sentia uma dor horrível a criatura indistinguível andou lentamente em sua direção, sua visão estava turva ele não conseguia ver as formas muito bem, daí ele começou a refletir o que estaria acontecendo, só poderia ser um pesadelo e começou a rir, ria feito louco.
A criatura chegou perto dele e o pegou pelos cabelos da nuca e o cheirou, e ele riu mais, que coisa nada a ver, pensou no que tinha a ver aquilo, cheirar? Apertou a visão e mirou nos olhos da criatura e viu que os olhos eram vermelhos como o sangue e não tinha pupila, dava medo, ele sentiu medo, mas não sabe por que riu mais ainda.
— Você tem um cheiro estranho? — Balbuciou a criatura
Sua cabeça começou a doer sua visão estava desaparecendo de vez, uma forte luz o cegou e enfim ele apagou.
Capitulo dois: Sombras
Rodrigo estava entediado, limpava seu Rifle de atirador de elite, Sua esposa estava passeando com o filho na casa da mãe dela, E ele estava curtindo a folga da Siemens onde trabalhava como diretor no departamento de marketing da empresa, ele relembrava os dias de glória dos campeonatos de tiro o qual fora campeão por cinco vezes consecutivas até que um cartucho explodiu e o tiro praticamente saiu pela culatra acabando com um de seus olhos, pelas regras do torneio ele não poderia mais competir.
Chovia bastante, como de costume em São Paulo, o computador ligado fazia um zumbido infernal, era costume deixá-lo ligado, embora não fizesse nada com ele, era como se fosse parte de seu corpo por assim dizer. O televisor estava sintonizado em alguma emissora qualquer o que não fazia muita diferença e no noticiário cientistas falavam o que vinha sendo noticiado a cerca de dois anos sobre a nuvem de poeira estelar que passaria pela terra provavelmente na manha do dia seguinte, seria como um eclipse só que no céu todo e duraria poucas horas, os cientistas também disseram que essa era apenas uma pequena parte do fenômeno, que no futuro talvez em dez anos, uma massa maior dessa poeira estelar viria e cobriria a terra por uma semana aproximadamente, eles iriam estudar essa primeira massa para que no futuro pudessem evitar de que ficássemos sem a luz do sol por tanto tempo o que seria prejudicial a todo ecossistema. O ultimo evento que tinha presenciado no céu fora a passagem do cometa Halley, e nem se lembrava do ano, ficar velho era foda.
De onde morava ele via a serra da Cantareira, as vezes abria a sua janela e ficava observando o formato da mata que em mais alguns anos nem existiria mais, posto que a medida que a cidade ia crescendo novos bairros surgiam na periferia e o alvo era sempre a mata, sempre uma nova comunidade surgia da noite para o dia, hoje ele observava luzes estranhas na mata, deveria ser alguém sondando um novo terreno, sentiu vontade de espiar, pegou a sua arma com mira a longa distância e começou a varrer a mata em busca das luzes.
Para seu espanto a s luzes primeiramente eram tão fortes que ficavam fora de foco na mira, com o tempo conseguira ajustar o foco e ficou impressionado, se ele não tivesse realmente vendo isso nunca iria acreditar se alguém lhe contasse, eram como se fossem homens, mas brilhavam como lâmpadas, parecia que conversavam, tinham um brilho dourado, ele não conseguia distinguir bem quantos eram apesar de estarem em uma clareira a quilômetros de distância, seu coração disparou quando aparentemente viraram-se em sua direção, como que se soubessem que ele os estava observando, em sua mente imaginou serem uma espécie de alienígenas, ele piscou e as luzes desapareceram da mata, começou a ter medo, talvez viessem atrás dele, no entanto ele estaria preparado, fosse o que fosse ia mandar bala.
A madrugada avançava e ele vez ou outra ia até a janela ver se havia alguma coisa acontecendo de estranho na mata, mas nada, começou até mesmo a duvidar do que tinha visto, não, ele definitivamente tinha visto, entrou em um site na internet para verificar se mais alguém em algum momento da existência da internet também teria visto algo parecido, escreveu no Google: “homens feitos de luz” e apareceram vários sites e fóruns espalhados pelo mundo, a maioria deles ligados a anjos, ele riu, só podia ser brincadeira, vira anjos no meio do mato? Navegando mais um pouco ele encontrou um comentário postado recentemente, há cerca de duas horas, chamou a atenção embora fosse um pouco longe de onde ele estava, um grupo de garotas também teria visto seres pairando sob as águas em uma praia remota no rio de janeiro, Trindade, aparentemente as garotas eram seguidoras de uma religião chamada Wicca e juravam que haviam conjurado tais espíritos, baboseira! Pensou, o que ele viu não parecia ter sido conjurado por nada.
Abriu o Youtube e viu vídeos de aviões da força aérea americana sendo escoltados por luzes, começou a imaginar que ou eram alienígenas ou na verdade eram anjos da guarda, por que definitivamente as luzes eram parecidas, embora em vôo ficassem distorcidas pela velocidade.
Madrugada adentro ele parecia um louco, sua esposa Daiane havia ligado dizendo que ia passar a noite no apartamento da mãe, uma preocupação a menos, se acontecesse alguma coisa ele não saberia como lidar, embora gostasse de ter a família por perto sempre foi individualista, ficava observando a janela e acabou cochilando no sofá de frente para a mesma.
Acordou sobressaltado com um barulho de explosão, abriu os olhos e seu olho procurava o foco, viu uma espécie de fumaça negra subindo da mata, só que não havia fogo, era algo como poeira, o suor escorria de sua testa larga, graças ao inicio do que poderia ser calvície, ele não gostava de pensar nisso e nem sabe por que pensara nisso agora, no entanto pegou o rifle e mirou na mata, e se deparou um uma cena absurdamente estranha, os seres de luz lutando contra seres de sombra!
Quando viu os seres de sombra sua mente foi buscar no passado quando ele morava com os pais, quantas vezes ele ao subir as escadas de casa não ouvia passos, como se alguém o estivesse acompanhando, e também certa vez entrou em seu quarto e deparou-se com uma sombra em forma de ser humano remexendo no seu guarda-roupa, ele andou de costas alguns passos a sombra virou pra ele e continuou remexendo em suas coisas e roupas, ele voltou pelo corredor e pegou um taco de Baseball que ele tinha guardado, quando voltou ao quarto a sombra tinha-se ido embora, no entanto as roupas bagunçadas mostravam que de fato havia acontecido, ele havia contado isso apenas a uns poucos amigos.
Outra vez ele estava dormindo e sentiu o cobertor sendo puxado, e ele sendo empurrado para fora da cama, ele sonolento ainda puxou de volta, mas novamente aconteceu, quando se lembrou que ele dormia sozinho ele levantou-se rapidamente e viu que o cobertor estava enrolado nas formas de uma pessoa que se mexia um bocado, mas onde deveria estar a cabeça era apenas um vazio afundando o colchão, como se fosse uma pessoa invisível, como era diferente da sombra da outra vez ele apenas reclamou e disse: “Bah!, pode ficar com a cama então” e foi dormir no sofá, no dia seguinte não sabia se sonhou ou se realmente havia acontecido, até hoje esses pensamentos nem mesmo retornavam á sua mente, no entanto com os fatos que estavam acontecendo ele lembrou-se de tudo isso, e talvez agora ele pudesse ter uma explicação.
Em toda a sua história de vida sempre teve em mente que: Luz é bom e sombra é Mau, não pensou muito na questão e com o rifle dava tiros certeiros nas criaturas de sombra que eram derrubadas levantavam-se atordoadas, mas os seres de luz as exterminavam com algo parecido com espadas ou lança, pareciam feitos de fogo, em contra partida os seres escuros tinham espadas feitas de luz negra, brilhava em um azul sinistro, uma das sombras percebendo que tinha alguém ajudando os seres de luz alçou vôo com lindas asas feitas de sombra em direção ao local onde Rodrigo se encontrava, no entanto Rodrigo friamente abateu em pleno vôo, uma das criaturas de luz estava em seu encalço e cravou sua lança nas costas da criatura antes que esta tocasse o solo, a batalha acabara com os seres de luz vencendo com uma pequena ajuda de Rodrigo.
Ele respirava aliviado, tinha ajudado o que quer que fosse a vencer o que quer que seja, estava confuso, mas achava ter feito a coisa certa, no entanto ele começou a sentir o sangue gelar quando percebeu que cinco daqueles magníficos seres levantaram vôo em sua direção, ele tinha certeza que seria uma conversa esclarecedora sobre o que raios estava acontecendo! Ou que então fosse morto por ter visto demais, não tinha pra onde correr.
CAPITULO TRÊS — FESTAS
Josiel estava olhando para o teto, fazia alguns minutos que havia acordado, estava observado a esposa agora, pensando no anjo que ela era, em como ela Havia mudado sua vida, no filho que ela havia lhe dado, era um anjo.
Jô, como os amigos o chamavam tinha anemia falciforme, uma doença que causa má formação das hemácias no sangue deixando-as com o formato de foices (Por isso o nome “Falci”), como se a morte aos poucos fosse minando ele por dentro, a única forma de vencer tal doença era fazendo transplante de medula quando criança, ou seja, seria impossível a essa altura do campeonato, no entanto ele sempre teve pessoas ao seu lado, sempre teve muitos e fora um bom amigo.
Conhecera sua esposa certa vez quando ficou internado no Hospital das Clinicas, ela era enfermeira, eles se apaixonaram, casaram-se tiveram um filho, a vida era curta, tinham de curtir a vida e um ao outro o mais rápido possível, ele já estava contrariando as estatísticas, estava próximo de completar cinqüenta anos, embora aparentasse ter vinte e poucos.
Levantou-se desligou o videogame, os dois jogaram até altas horas da madrugada, ainda bem que ela gostava dessas coisas, por que o videogame era um vício que ele não iria deixar nunca. Caminhou até o banheiro, escovava os dentes, hoje era aniversário de sua afilhada, Pandora, pensou em fazer uma surpresa, mas todo mundo sabia que ele iria aparecer de qualquer jeito, surpresa seria se não fosse!
— Alô Adriano — Falou ao celular Josiel — Eu acho que lá pelas quatro da tarde eu passo na sua casa ok?
— Tudo bem, estou preparando um churrasco aqui, vai vir bastante, o Alessandro e a Tati, O único que não consegui contatar foi o Rinite, ele às vezes some e ninguém consegue falar com ele.
— “Podes” crer antigamente ele vivia online no MSN 24 horas por dia, mas acho que deve ter sido aquela parada com a ex-mulher dele o coitado nunca teve sorte.
— Bom, espero que ele esteja bem, mas cara, 18 anos, nem parece não é?
— Pois é o meu já tem cinco, da pra acreditar? Parece que foi ontem!
— Beleza Jô, então estamos te esperando, vou ali por que a Sam tá me chamando aqui, dever ser pra carregar alguma coisa. — Riu.
— Tudo bem, até mais então.
Adriano desligou o celular e foi ter com a esposa, realmente era para carregar algo pesado, ainda bem que ele tinha essa força bruta, desde pequeno.
Ele sempre era o centro das atenções provocava as mais diversas confusões, mas sua filha era totalmente diferente do pai, ainda bem que havia puxado a mãe, ele sempre pensava nisso, mas ainda assim a garota tinha herdado a memória fotográfica do pai, e era boa conhecedora do bom e velho rock in roll, e disso ele se orgulhava mais que tudo.
Pegou o carro e saiu em direção ao supermercado Extra, que fica na ponte da Freguesia do ò, era para ser mais um dia comum. Era.
*******************************
Marcos estava cansado de viver uma subvida, sempre nas barbas de seu pai, família japonesa, era assim, tradição essas coisas, ele queria aventuras, e faria de tudo para tê-las. Hoje a noite iria para uma festa em um clube, quem sabe lá ele encontrasse tais aventuras, tão desejadas.
Estava de volta do Japão, tinha ido fazer um curso de administração lá, mas na verdade o que ele queria era farra.
Não entedia que porra estava acontecendo com esse mercado hoje, a fila era quilométrica, carrinhos e mais carrinhos de compras enfileirados, o sistema do caixa rápido estava falhando, fazendo algo que demorava normalmente 20 minutos durar duas horas, ele já tinha aberto um pacote de Doritos e estava bebendo altos goles de uma coca-cola gelada, o gerente veio reclamar com ele então ele simplesmente mostrou o crachá da firma do seu pai e disse que não tinha problema, o gerente sabia reconhecer uma das famílias que eram amigas do dono da rede do supermercado onde trabalhava.
Adriano estava à dois carrinhos de distancia atrás de Marcos, recebia e retornava ligações o tempo todo, parecia que o tal churrasco iria demorar um pouco para rolar, devido ao atraso no supermercado, já passava das 18 horas, o céu de São Paulo havia escurecido iria chover em breve.
Com a noite vieram as sombras, a primeira pousou no topo da caixa D água do Hiper mercado, ninguém notou, a segunda e a terceira pousaram no teto do posto de gasolina Rede Papa que fica sentido centro na colado a entrada do Extra já lambendo a ponte da Freguesia do Ó, e então a chuva começou, vale lembrar que qualquer chuvisco causa estrago em São Paulo, mas a chuva que caia agora era cinematográfica, Raios começaram a despencar do céu escuro, dessa vez o Tietê iria transbordar novamente com certeza, junto com a chuva a energia elétrica da região também caiu.
No Hiper mercado o gemido coletivo de frustração na hora em que a energia caiu veio acompanhado de “só faltava essa”, sistema do caixa com problemas, chuva e agora falta de energia, o que mais faltava acontecer? Bom faltava acontecer que três criaturas entraram voando como morcegos gigantes no ambiente iluminado apenas com a fraca energia dos No-Breaks,
************************************
Na festa todos estavam aflitos, agora com a queda de energia, estavam bebendo algumas cervejas compradas ali no bar mesmo enquanto esperavam Adriano. Jô ligava pra ele a cada meia hora para saber o que raios estava acontecendo, mas nessa ultima vez ninguém atendeu o celular, ele tentou ligar de novo, no âmago de seu ser ele sentia que algo deveria estar errado!
O churrasco tinha começado, pois alguém teve a idéia de levar umas carnes, mas ainda assim esperavam Adriano com o resto das coisas, em algum momento Samantha muito preocupada com a falta de contato pediu para alguém ir até o supermercado ver o que estava acontecendo, Tiago, ou Laio, como todos os chamavam se prontificou, então fora ele, Jô e Jhow, outro grande amigo. Estavam todos preocupados, mesmo, chuva, falta de energia, essas coisas nunca eram bom sinal.
*********************************
Uma das criaturas agarrou uma senhora e a atirou como um saco de batatas contra uma prateleira cheia de bebidas, A outra pegou uma jovem de mais ou menos uns 14 anos e levou até o teto abrindo um furo no concreto e deixando cair uma grande quantidade de sangue, e desapareceu no céu chuvoso, A terceira criatura voou para cima de Adriano, quando ela fechou as garras no pescoço dele, instintivamente Adriano agarrou o pulso dela com as duas mãos, a expressão quase humana de dor se formou no rosto feito de sombras sólidas e a criatura emitiu um rugido de dor, neste instante um potente chute na lateral da cabeça da criatura fez seu corpo girar em torno do braço segurado por Adriano, era Marcos quem estava com a perna ainda levantada que Adriano viu quando a criatura girou e emitindo um “CRACK” sonoro, elas tinham ossos, que podiam ser quebrados, levantou-se cambaleando enquanto a outra pousava ao seu lado, fechou as asas à frente do corpo e as abriu com violência, jogando Adriano e Marcos longe, olhou para a criatura ferida e disse:
— Vamos, já conseguimos aquilo o a que viemos buscar, aquela alma jovem vai alimentar a gente por mais alguns dias.
— Mas estes humanos me feriram, achei que não seria possível!
— Acontece quando estamos fracos, agora vamos, estamos do lado de cá do véu, podemos inclusive deixar de existir para sempre se não nos alimentarmos.
Alçaram vôo.
As pessoas estavam se recompondo tentando entender o que estava acontecendo, a polícia chegou rápido, no entanto a história que contaram para a mídia foi diferente, também disseram para que ninguém falasse abertamente sobre o que acontecera ali até que se apurassem os fatos, no entanto seria difícil calar mais de 200 pessoas que estavam no local na hora do acontecido.
Laio, Jô e Jhow chegaram ao Hiper Mercado e se depararam com a cena de ambulâncias saído do local, as portas fechadas e Adriano com as compras no carrinho ainda do lado de fora conversando com um jovem nipônico.
— O que aconteceu aqui Gordão — Perguntou Jhow.
— Em casa conversamos melhor, temos uma festa para fazer, ah e esse aqui é Marcos, ele vai conosco, é gente boa e vai provar que o que vou contar a vocês é verdade.
Todos se olharam, mas ninguém disse mais nada.
— Vamos logo gente que o Extra nem cobrou nada acabei recebendo como cortesia tudo isso aqui. — Adriano disse e Riu.